sexta-feira, 23 de setembro de 2011

#70 - Atrás do Alambrado com Jefferson Freire


Opa!

Hoje o Dez Minutos ou Dois Gols dá início a uma sessão que sempre tive vontade de escrever e que só agora resolvi colocar em prática. Trata-se do Atrás do Alambrado , uma sessão onde os textos serão destinados a entrevistas com aqueles que alimentam o esporte mais difundido do mundo: o torcedor! 
O intuito é trazer a visão e opinião dos torcedores, afinal, são esses que pagam ingressos, compram camisetas e embelezam os estádios. Aqui você terá a voz que fica atrás do alambrado.






ENTREVISTA: Jefferson Freire
"Não me conformo com Libertadores"

Morador de São Gonçalo, Jefferson Freire, 28 anos, é torcedor do Flamengo - segundo suas próprias palavras -  "desde sempre". Diz, porém, que passou acompanhar mais seriamente em 1993,época que seu tio assistia às partidas em sua casa. Em 2008 criou o blog Mengão Guerreiro para escrever sobre seu time de coração. Já transmitiu partidas via rádio pelo blog Maldita Futebol Clube, que ingressara em 2009. No fim daquele ano passaria a escrever no site Saudações Rubro-Negras, atividade que mantém até hoje juntamente com o blog O Mais Querido, no site do jornal O Globo. Via email, Jefferson concedeu a seguinte entrevista:

Dez Minutos Dois Gols - P: O que, pra você, explica a má fase no BR-11 do Flamengo?
Jefferson Freire - R: Não tem explicação. São muitas teorias que aparecem. Atraso em premiações, sacanagem com técnico, etc. É muito fácil hoje dizer que o time é ruim. Mas um time ruim não perde 2 jogos num semestre inteiro. Acredito que o time é bom, mas que muitos jogadores importantes vivem má fase. Não há explicação para esse declínio repentino. 

DMDG - P: Qual sua opinião sobre o trabalho do Luxemburgo? Acha interessante uma mudança de técnico?
JF - R: Acho que o Luxa se perdeu no trabalho. Fez algumas escolhas erradas e apostou em jogadores que não trouxeram retorno até o momento. O Flamengo do Luxa, apesar de imbatível no 1º semestre, poucas vezes encheu os olhos do torcedor. O elenco do Flamengo é curto e isso já era uma preocupação. O problema é que os titulares caíram muito de rendimento. Ainda assim, no momento não vejo nenhum técnico com perfil para assumir o Flamengo. Todos estão em algum clube. Torço para que o Flamengo volte a vencer e a pressão acabe. Caso contrário não sei até quando o Luxa resiste.

DMDG - P: A libertadores já seria uma conquista para os flamenguistas?
JF - R: Não me conformo só com a Libertadores. Acho pouco para o valor do elenco. Quero o título e ainda não joguei a toalha. A Libertadores seria um prêmio de consolação. Mas é melhor que só a Sul-Americana.

DMDG - P: Qual foi sua reação ao saber da contratação de Ronaldinho Gaúcho?
JF - R: Foi ótima. Um grande craque que antes de chegar já disse aquela frase ("Flamengo é Flamengo"). A gente vê que ele está motivado e quer jogar, quer ser ídolo, quer conquistar títulos. Se o contrato for cumprido até o fim e com um bom planejamento, ele tem tudo para entrar na galeria dos grandes ídolos do clube. Infelizmente nosso marketing é ridículo e perdeu muito tempo para lançar produtos e campanhas. Mas as vendas de camisas aumentaram, e muito disso por causa do R10.

DMDG - P: Como torcedor, como avalia o custo-benefício desse negócio? Acha que Ronaldinho está realmente fazendo a diferença? 
JF - R: Tendo em vista que o Flamengo paga um "pequeno" valor no salário dele, para o Flamengo está sendo bom. Para a Traffic é que não foi bom negócio. Mas isso muito mais pela incompetência do CRF e da Traffic. Ele tem feito a diferença e decidido jogos, evitado o pior. Se tivesse mais 2 jogando bem como ele o Flamengo atropelaria os adversários. Se o Thiago Neves e o Léo Moura estivessem em grande fase, com certeza o Flamengo estaria na ponta da tabela. O problema é que só o R10 está jogando. Imagine o Flamengo sem ele. Para o Flamengo está sendo ótimo.

DMDG - P: A revista VEJA divulgou nesta semana uma matéria que abordava as festas quase diárias do Ronaldinho. Como isso repercute para o torcedor?
JF - R: Eu sou da opinião de que o atleta deve ser avaliado dentro de campo. Dispensamos o Romário por causa de uma noitada e ele sempre decidiu dentro de campo. Foi um péssimo negócio. Ronaldinho tem jogado bem, se dedicado nos treinos e decidido jogos com gols e assistências. O que ele faz fora de campo é de responsabilidade dele. O importante é decidir dentro de campo e isso ele tem feito.

DMDG - P: Acha que há um excesso por parte da imprensa quando o assunto é Flamengo?
JF - R: Sempre há. Para o bem e para o mal. Dar destaque na primeira capa do jornal por um atraso de 13 minutos do R10 e um pum ganhar tanta repercussão, são situações que fogem do normal. Mas a Nação já está acostumada com isso. Sabemos e temos a noção de que tudo no Flamengo é multiplicado. Se os demais torcedores reclamam que a imprensa exalta muito o Flamengo, deveriam também ler as notícias que criticam e expõe o Flamengo como clube desorganizado. 

DMDG - P:  Nos últimos dias, Márcio Braga reapareceu criticando a gestão de Patrícia Amorim. Qual sua visão da atual situação política no Flamengo?
JF - R:  Isso só mostra que ninguém está preocupado com o bem estar do clube, mas sim em ter sua parcela lá dentro. Se há suspeitas de corrupção, roubo e má administração, isso deve ser levado ao conselho, ser debatido internamente e não usar a mídia para criar uma crise. Isso não ajuda em nada. A política do clube é podre e no momento de dificuldade em que todos deveriam se unir, o que vemos é justamente o contrário, pessoas se aproveitando para enfraquecer a gestão atual e por consequência o próprio clube.

DMDG - P: Sua avaliação do trabalho da presidente?
JF - R: Tem seus acertos e erros. Quando o futebol vai mal o mundo cai sobre os ombros da direção. Se o time fosse líder, ninguém estaria reclamanda da atual gestão. Acho que ela errou feio no caso do Andrade, não pela dispensa, mas pelas entrevistas que desvalorizaram o Tromba. Errou feio no caso do Zico. E erra feio ao permitir que membros do conselho falem tanta besteira sobre nossa história. Não sabemos sobre as contas. Mas é claro que em matéria de marketing o Flamengo é uma nulidade. As pessoas que a cercam trouxeram muitos prejuízos ao Flamengo e isso é o mais preocupante de sua gestão. Mas também acho que ela acertou muito em investir no CT e em reforma da Gávea. Contratou o R10, Felipe e o Thiago Neves. Se vacilou com alguns ídolos, também acertou em investir no "Fla-Master". Enfim, erros e acertos que não a colocam como melhor presidente do clube e nem como a pior, mas infelizmente está na média dos últimos gestores e isso não é nenhum elogio.

DMDG - P: O quem tem a dizer sobre o episódio na apresentação da nova terceira camisa?
JF - R:  Jamais soube de qualquer coisa boa que esse torcedor [José Carlos Peruano] tenha feito para o Flamengo. Está sempre envolvido em polêmicas e em situações que não acrescentam nada ao clube e ainda envergonham o torcedor. A culpa é do clube por permitir isso, assim como da imprensa por fazer deste cidadão o representante da torcida. Posso dizer com autoridade que a torcida se envergonha dele e que não vê nele nenhum tipo de representante. Foi triste, lamentável e vergonhosa a atitude dele.

DMDG - P: Em seu texto mais recente, você aborda a questão política do clube, dizendo que torcedores deveriam participar mais ativamente do dia-a-dia da instituição. Já pensou em tomar tal atitude?
JF - R: Apesar de ainda achar essa uma possibilidade boa, confesso que já defendi essa ideia com mais força. Hoje os que mais tumultuam o ambiente são ex-torcedores de arquibancada que se infiltraram no clube. O torcedor de verdade deve lutar pelo clube, reivindicar respeito à instituição, fazer parte do quadro societário e principalmente não se deixar corromper. A minha contribuição ao CRF é voluntária, nunca ganhei um centavo com o Flamengo, nem quero. Esse não é meu objetivo. Já tenho meu trabalho e sou bem resolvido com ele. Hoje a minha contribuição se dá mais nas redes sociais, nos blogs e na arquibancada. Mas tenho projetos no papel para ajudar o Flamengo que estão em fase de negociação com parceiros que queiram apostar nestes projetos que envolvem torcida e clube. Infelizmente ainda não posso adiantar nada. Mas se tudo der certo em breve sairá do papel e ganhará vida. É um projeto de torcedor para torcedor. Coisa simples, mas que com o passar do tempo foi perdido. Se conseguir realizar e concluir esse projeto, com certeza terei realizado uma grande contribuição ao clube.

DMDG - P: Acha que o Flamengo deveria ter contratado o Adriano?
JF - R: Muita gente me criticou porque fui a favor da contratação do Adriano. É um jogador forte, goleador e identificado com o clube. Errou diversas vezes, mas ainda assim eu gostaria de vê-lo no Flamengo. Os argumentos de quem não o queria eram fortes e jamais discuti isso. Mas ainda assim gostaria que ele tivesse sido contratado.

DMDG - P: A maior lembrança como torcedor do Flamengo?
JF - R: Me emocionei e me emociono até hoje com o gol do Pet em 2001. Principalmente quando vejo a imagem do Zagalo. Até hoje o Velho Lobo chora ao relembrar aquele momento. O título de 2009 quando ninguém acreditava; a arrancada de 2007. São muitos os momentos. A virada sobre o Flu em 2010. A virada sobre o Santos neste ano. Mesmo sem ter visto a grande maioria, aquela geração de 80 me emociona pelo que conquistou e pela humildade deles. São heróis de uma Nação, mas são prestativos, solícitos e sempre muito simpáticos. Tenho ótimas recordações, mas o melhor do Flamengo com certeza é o Maraca lotado e a Nação fazendo aquela festa que só ela é capaz de fazer. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

#69 - Ruim com eles? Pior sem eles!

Acho que já deixei claro em alguns textos aqui que sou contra a troca desembestada de técnicos. Não tenho, não sei se tem, mas acredito que se houvesse uma estatística sobre o resultado dessas trocas, seria algo de 90% contra 10% em se tratando de mudanças significativas. Quase nunca funciona. Isso porque, por incrível que possa parecer, não há muitos técnicos que façam algo de muito diferente num time. O Atlético-MG é um bom exemplo disso.

Escreverei aqui sobre dois que, na minha visão, são uns dos poucos que têm potencial  - e talento -  para mudar uma equipe de futebol: Luxemburgo e Felipão. São dois, indiscutivelmente, técnicos campeões. Um está à frente de um time que tem mais para mostrar, mas que já não vence a 8 partidas. O outro comanda uma equipe visivelmente limitada, mas que, muito em função de seu bom trabalho, despertou uma ponta de esperança em seus torcedores.

A pergunta que faço a flamenguistas e palmeirenses é a seguinte: se eles saírem, quem entra? Não vejo ninguém no mercado com potencial para fazer algo diferente. Silas? René Simões? Falcão? Não me vem à cabeça nenhum nome (desempregado) que tenha tantos títulos no currículo quanto a dupla Luxa/ Felipão. Ruim com eles, pior sem eles.

Particularmente não vejo nenhuma culpa de ambos no momento das equipes. Felipão, por exemplo, não tem tantas opções quanto tem Luxemburgo. Não deve ser debitado em sua conta as constantes lesões de Valdívia e Kléber. A falta de movimentação de Gabiel Silva e Assunção. E a, digamos.. falta de inteligência de alguns jogadores. O que você, leitor, pensaria, necessitando mexer no time durante uma partida, ao olhar para o banco e ver Tinga, Vinicíus e Patrik. No mínimo um "fodeu!" você soltaria...



Luxemburgo não poderia contar com a lesão de Aírton (jogador fundamental no esquema de sua equipe) ou com a péssima fase do recém-contratado Alex Silva. É incorreto, também, jogar a culpa em seu colo por conta dos inacreditáveis gols perdidos por Deivid e Jael ( O Cruel!). Ele pode até ser cobrado um pouco mais por conta das opções do elenco, mas nada ao ponto de pedir sua demissão.

Ruim com eles, pior sem eles...

Enfim, penso que antes de criticarmos qualquer técnico, e pedir suas respectivas cabeças, devemos olhar para fatores mais relevantes. Não devemos esquecer que são os jogadores que estão dentro do campo, que perdem ou fazem gols - e que, inclusive, são muito bem pagos para isso. Não há técnico que faça seguidos milagres.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

#68 - A polêmica dos bambus


Na última quarta-feira, 24, foi aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo a lei que permite o retorno das bandeiras com mastros ao estádio de futebol no estado. Suspensa há 16 anos após uma briga campal entre “torcedores” de Palmeiras e São Paulo, os “bambus” passaram a ser identificados como potenciais armas para os vândalos.

Anteontem ouvi na CBN a entrevista com o relator (acho que é assim que identifica) da proposta, deputado Ênio Tatto (PT). Houve também a participação do deputado Fernando Capez (PSDB), declaradamente contrário à proposta.

Após ouvir longos minutos de discussão e, em seguida, ler sobre o assunto, eis minha opinião: os bambus têm que voltar! Não sou contemporâneo da época em que elas eram liberadas, mas basta ver em fotos o quanto ficavam mais bonitos os estádios. O argumento daqueles que são contra o retorno se baseia na idéia de que, uma vez que se permita a entrada dos bambus, os torcedores se utilizem do mastro para agredir torcedores rivais. Eu, você e todos aqueles que vão ao estádio hoje em dia sabemos que o grande problema não está dentro do estádio. As brigas estão acontecendo fora deles, nos bairros, e, na grande maioria dos casos, são emboscadas. No último domingo, por exemplo, encontraram o corpo de um torcedor corinthiano no Rio Tietê. Portanto, os bambus não são o único problema.

Hoje as organizadas entram no estádio com instrumentos de bateria. Esses objetos podem ser tão perigosos quanto os mastros de uma bandeira. Não estou dizendo, obviamente, que nunca mais haverá vandalismo dentro de um estádio. Não sou utópico. Apenas creio que quando um torcedor é mal intencionado, ele utilizará qualquer objeto que estiver ao seu alcance – e não necessariamente um mastro de bandeira. Cabe aos órgãos habilitados punir aqueles que o fizerem – algo que poderia ser atenuado com o cadastramento das organizadas, mas R$ 6,1 milhões de reais foram destinados a um sindicato fantasma.  -  u.u’ (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ministerio-do-esporte-convoca-cartolas-e-pode-suspender-convenio-de-r-6-mi,766796,0.htm)

A proposta irá para a mesa do governador Geraldo Alckmin e espero que ele escolha o mais sensato.