"Conca foi o maior ídolo da história recente do Flu. Afirmo sem medo de errar"
Natural de Miguel Pereira, cidade a aproximadamente 80km da capital Rio de Janeiro, Roberto Fernandes de Souza Júnior, 31 anos, vive atualmente em Guaratinguetá-SP, local de onde escreve seus textos para o "Blog do RJ", hospedado no site do jornal Lance!. Segundo ele, o ingresso no mundo dos blogs se deu após notar que seus comentários em blogs de jornalistas renomados eram bem aceitos pelos demais, gerando até mais comentários. Aparentemente ele estava certo. Recentemente seu blog "classificou-se" para a segunda fase do Prêmio Top Blog, que premia os blogs brasileiros mais populares. Filho de flamenguista, RJ, porém, é tricolor de coração. O período de estudos que passou na casa da avó, ouvindo dos tios constantes histórias sobre o time do Fluminense campeão de 1984, foi, segundo ele, o principal motivo que pesou na decisão. Via email, RJ concedeu a seguinte entrevista:
ENTREVISTA: Roberto Júnior
Dez Minutos Dois Gols - P: O que espera para essa reta final de campeonato?Acredita em titulo ainda? A Libertadores é obrigação?
Roberto Júnior - R: Camarada, sejamos sinceros. Um time que tem Márcio Rosário na zaga ser campeão? (risos) É coisa de maluco. Mas aí é que está. O torcedor tricolor acabou ficando mal acostumado com o impossível. Fugimos de um rebaixamento, segundo Tristão Garcia, certo. Conseguimos uma classificação na Libertadores quando ninguém esperava. E ganhamos um jogo do Santos com gol de Márcio Rosário no último minuto (risos) E eu não vou acreditar no título? (risos).Falando com mais racionalidade, é, sim, muito difícil. Agora são sete pontos de diferença e só um outro milagre deixa a taça nas Laranjeiras. E não, a Libertadores não é obrigação. Aliás, acho uma tremenda palhaçada esse lance de impor "obrigações" de títulos. A obrigação do jogador, para honrar seu salário, é se esforçar. Conquistas são consequências.
DMDG - P: Qual sua avaliação do trabalho de Abel Braga?
RJ - R: Bom, preciso ser honesto. Eu fui contrário à contratação do Abel. Não pelo próprio Abel, mas pelo tempo que o Fluminense ficaria sem técnico, jogando uma boa parte do ano fora. O que, de fato, aconteceu, sobretudo em relação à Libertadores. Mas também preciso ser justo. Não há como dizer que é horrível o trabalho de um treinador que conduziu uma equipe que possui uma defesa fraca à zona da Libertadores. E foi esse, pra mim, o grande erro do Abel. Insistir com jogadores comprovadamente fracos, além do péssimo hábito de encher o time de volantes.
DMDG - P: Em um de seus textos recentes, você questionava se, após a goleada para o maior rival, o Manchester United deveria demitir seu técnico. Se eventualmente o Fluminense ficar fora da Libertadores, com derrotas para os rivais nas ultimas rodadas, é a favor da permanência de Abel para 2012?
RJ - R: Sim, sou favorável. Desde que ele peça reforços para a defesa. Até porque o mercado de técnicos no Brasil está um caos. Quem demite treinador hoje em dia se vê no dilema de quem contratar. Veja o São Paulo, por exemplo, que foi obrigado a resgatar o Leão por falta de opções. Tudo bem, vamos demitir Abel. E vamos colocar quem no lugar?
DMDG - P: À época, como encarou a venda de Dario Conca?
RJ: R: Com pesar, mas sem revolta. A proposta era muito boa. E como é que eu vou criticar um cara por conta de uma proposta "nível Messi"? Deixa quieto, ele vai lá, ganha o dinheiro dele, e depois volta para as Laranjeiras.
DMDG - P: Ele pode ser considerado um ídolo da torcida?
RJ: R: Ah, sim, com certeza. Ainda mais para a geração pós-1984, que viveu e sobreviveu a épocas tristes, de rebaixamentos e humilhações. Junto com Thiago Silva, Conca foi o maior ídolo da História recente do Flu. Afirmo isso sem medo de errar.
DMDG - P: Como você avalia o custo-beneficio da contratação de Deco?
RJ: R: Não sei o que dizer sobre o Deco. Se eu for responder sua pergunta levando em conta apenas a questão matemática, aí foi quase nenhum. Custo altíssimo, frutos poquíssimos. Agora, quando joga, é um cara diferente, né? Que tem um toque especial e que decidiu alguns jogos importantes a nosso favor. Bora fazer o seguinte: te respondo melhor em dezembro, ok? (risos)
DMDG - P: Como você viu a saída de Muricy Ramalho?
RJ - R: Acho que poderíamos aprender com ele. Porque a estrutura do Flu realmente é terrível. Não condiz com a grandeza do clube. O cara poderia ter segurado a onda pelo menos até o final da Libertadores. É, acho que nisso ele errou. Poxa, a torcida estava sedenta pela redenção de 2008. Acho que aí se criou a mágoa. A torcida queria muito esse título e viu seu comandante abandonar o barco no meio do caminho. Não é fácil de aceitar, ainda mais no futebol, onde a paixão domina. E teve a conversa dos ratos, que foi bem desagradável. Mas que poderíamos aprender com ele, poderíamos. Ninguém é tantas vezes campeão brasileiro seguidamente se não tiver algo a ensinar. E o Fluminense precisa mesmo de uma gestão mais profissional do seu futebol.
DMDG - P: Como viu a recente polêmica envolvendo a imprensa e um conselheiro do clube?
RJ - R: Bom, escrevi sobre isso também. O conselheiro errou. Fato, não discuto. Principalmente quando ofendeu a torcida do Flamengo. Um absurdo. Mas houve exagero na veiculação da notícia. Porque fizeram como se o cidadão fosse um representante legítimo do Flu naquele momento. E não era. Apesar de conselheiro, ele estava exercendo o papel de torcedor. E um torcedor na arquibancada a gente sabe como age. O repórter trabalha diariamente no clube, conhece os bastidores, sabe quem fala e quem não fala pela instituição. Ampliando a discussão, vejo uma crise no jornalismo esportivo. Pega, por exemplo, o episódio do Fred e agora o do Valdívia. É muita fofoquinha, muito "disse-que-disse". E olha que não faltam assunto sérios a serem tratados. É o tal "jornalismo-manja", conforme muito bem define o ótimo Lúcio de Castro.
DMDG - Quem, pra você, é o maior ídolo do Fluminense?
RJ - R: Ah, essa do ídolo é muito pessoal. Poderia dizer Rivelino, Washington, Assis, Romerito e outros tantos. Mas eu não vi esses caras jogarem ou vi muito pouco, não tenho lembranças vivas. Eles são ídolos, claro, mas não são, pra mim, os maiores. Enrolei à beça, né? Tá, vai lá, coloca o Conca aí. (risos)
DMDG - Um jogo marcante?
RJ - R: Essa é fácil. Fluminense 3 X 1 São Paulo, Libertadores 2008. O São Paulo era o time da moda. Ganhar do São Paulo representava uma espécie de atestado de competência do time. Ainda mais numa Libertadores, a queridinha deles (risos). Me recordo de uma manchete do O Globo no dia seguinte: "orgulho de ser tricolor", com várias fotos de famílias tricolores almoçando com a camisa do time. Digamos que foi a volta formal do Flu ao rol das principais equipes do país, embora tivéssemos vencido a Copa do Brasil no ano interior.
DMDG - P: À época, como encarou a venda de Dario Conca?
RJ: R: Com pesar, mas sem revolta. A proposta era muito boa. E como é que eu vou criticar um cara por conta de uma proposta "nível Messi"? Deixa quieto, ele vai lá, ganha o dinheiro dele, e depois volta para as Laranjeiras.
DMDG - P: Ele pode ser considerado um ídolo da torcida?
RJ: R: Ah, sim, com certeza. Ainda mais para a geração pós-1984, que viveu e sobreviveu a épocas tristes, de rebaixamentos e humilhações. Junto com Thiago Silva, Conca foi o maior ídolo da História recente do Flu. Afirmo isso sem medo de errar.
DMDG - P: Como você avalia o custo-beneficio da contratação de Deco?
RJ: R: Não sei o que dizer sobre o Deco. Se eu for responder sua pergunta levando em conta apenas a questão matemática, aí foi quase nenhum. Custo altíssimo, frutos poquíssimos. Agora, quando joga, é um cara diferente, né? Que tem um toque especial e que decidiu alguns jogos importantes a nosso favor. Bora fazer o seguinte: te respondo melhor em dezembro, ok? (risos)
DMDG - P: Como você viu a saída de Muricy Ramalho?
RJ - R: Acho que poderíamos aprender com ele. Porque a estrutura do Flu realmente é terrível. Não condiz com a grandeza do clube. O cara poderia ter segurado a onda pelo menos até o final da Libertadores. É, acho que nisso ele errou. Poxa, a torcida estava sedenta pela redenção de 2008. Acho que aí se criou a mágoa. A torcida queria muito esse título e viu seu comandante abandonar o barco no meio do caminho. Não é fácil de aceitar, ainda mais no futebol, onde a paixão domina. E teve a conversa dos ratos, que foi bem desagradável. Mas que poderíamos aprender com ele, poderíamos. Ninguém é tantas vezes campeão brasileiro seguidamente se não tiver algo a ensinar. E o Fluminense precisa mesmo de uma gestão mais profissional do seu futebol.
DMDG - P: Como viu a recente polêmica envolvendo a imprensa e um conselheiro do clube?
RJ - R: Bom, escrevi sobre isso também. O conselheiro errou. Fato, não discuto. Principalmente quando ofendeu a torcida do Flamengo. Um absurdo. Mas houve exagero na veiculação da notícia. Porque fizeram como se o cidadão fosse um representante legítimo do Flu naquele momento. E não era. Apesar de conselheiro, ele estava exercendo o papel de torcedor. E um torcedor na arquibancada a gente sabe como age. O repórter trabalha diariamente no clube, conhece os bastidores, sabe quem fala e quem não fala pela instituição. Ampliando a discussão, vejo uma crise no jornalismo esportivo. Pega, por exemplo, o episódio do Fred e agora o do Valdívia. É muita fofoquinha, muito "disse-que-disse". E olha que não faltam assunto sérios a serem tratados. É o tal "jornalismo-manja", conforme muito bem define o ótimo Lúcio de Castro.
DMDG - Quem, pra você, é o maior ídolo do Fluminense?
RJ - R: Ah, essa do ídolo é muito pessoal. Poderia dizer Rivelino, Washington, Assis, Romerito e outros tantos. Mas eu não vi esses caras jogarem ou vi muito pouco, não tenho lembranças vivas. Eles são ídolos, claro, mas não são, pra mim, os maiores. Enrolei à beça, né? Tá, vai lá, coloca o Conca aí. (risos)
DMDG - Um jogo marcante?
RJ - R: Essa é fácil. Fluminense 3 X 1 São Paulo, Libertadores 2008. O São Paulo era o time da moda. Ganhar do São Paulo representava uma espécie de atestado de competência do time. Ainda mais numa Libertadores, a queridinha deles (risos). Me recordo de uma manchete do O Globo no dia seguinte: "orgulho de ser tricolor", com várias fotos de famílias tricolores almoçando com a camisa do time. Digamos que foi a volta formal do Flu ao rol das principais equipes do país, embora tivéssemos vencido a Copa do Brasil no ano interior.