segunda-feira, 25 de abril de 2011

#59 - É clássico ou não?

Ao longo dessa semana que antecedeu o jogo entre São Paulo e Portuguesa, uma pequena, mas pertinente discussão me chamou a atenção: as partidas entre os quatro grandes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) contra a Lusa podem ser consideradas clássicos?
É uma discussão recorrente e que ganhou vida outra vez pelo fato da Portuguesa ser o time de maior história dentre aqueles que enfrentariam os supracitados grandes do estado nas quartas de finais do Campeonato Paulista. Grande parte da mídia, talvez na tentativa de dar um ar de entusiasmo ao monótono Paulistão (que pelo o que se viu deveria ser “Paulistinha”), noticiou que teríamos um clássico nas quartas de finais do torneio. O blogueiro, que vos fala, particularmente, não vê os jogos contra a Lusa como um clássico.

Sei que, certamente nesse milésimo de segundo que antecedeu a leitura do início dessa frase, fui xingado por alguns – ainda mais se houver algum torcedor da Portuguesa lendo. Mas antes de ser execrado, de ser rotulado como aquele que deseja ser senhor da verdade, externarei meus motivos.

O que é um clássico para você, leitor? Pergunte-se. Provavelmente compartilhará da minha idéia de que clássico é aquele jogo em que há toda uma movimentação de torcedores, da imprensa e que causa aquela ansiedade típica dos grandes jogos. Agora indague um corintiano, palmeirense, santista ou são-paulino e pergunte se ele se empolga como num confronto contra o maior rival nos jogos contra a Portuguesa....

Obviamente que não estou rebaixando a Lusa e seus torcedores. Pelo contrário. Pesquisei e sei de toda a grande história desse grande clube. No entanto, temos de ser realistas e dizer – doa a quem doer- que a Portuguesa não está no patamar de um grande clube. É um time com uma bonita história, que tem o seu destaque nacionalmente (bem como Ponte Preta, Guarani, Juventus...) mas que na atualidade já não pode ter seus duelos considerados clássicos.

@FabioNohbrega

sábado, 16 de abril de 2011

#58 - O primeiro, mas não qualquer um

O jovem Javier Hernández chegou ao Manchester United em julho de 2010 proveniente do mexicano Chivas Guadalajara. Hoje, aos 22 anos, o jogador vem enchendo de orgulho os mexicanos e de alegria os ingleses devido a suas atuações pelos Diabos Vermelhos.

Se não se lembra de imediato ao ler Javier Hernández, certamente, já ouviu falar em um tal “Chicarito”. O apelido é um diminutivo de “Chícaro” (ervilha), que era como seu pai, ex-jogador e também de mesmo nome, ficou conhecido pelos olhos verdes. Portanto, “Chicarito” significa “pequena ervilha”.

Desde o início da carreira, Chicarito Hernández acumula números de destaque. No Chivas, além dos 29 gols que marcou, estabeleceu um recorde no último Campeonato Clausura marcando 8 gols nos 8 primeiros jogos. No Manchester, já marcou 18 gols em 37 jogos, média de 0,48 por jogo, maior que os 0,36 da época de Chivas.

Os dezoito gols na temporada o credencia a quebrar outro recorde: o do compatriota Luís Garcia, que, atuando pelo Atlético de Madrid, fez 20 gols em sua primeira temporada na Europa, melhor marca até então para um jogador mexicano. Atualmente comentarista da TV Azteca, García, disse, em entrevista ao jornal mexicano Record, que Hernández quebrará seu recorde e que “ele será um jogador do topo e não só de 20 gols por ano”.

Como não poderia deixar de acontecer, as boas atuações de Javier Hernández renderam comparações com aquele que talvez tenha sido o maior atleta de futebol do México: Hugo Sánchez. Enrique Porta, jornalista do diário esportivo ESTO é precavido ao falar de Hernández. Segundo ele, Chicarito é “o melhor jogador mexicano atualmente, um jovem com futuro promissor”, mas “é impossível compará-lo a Hugo”.

De fato, há ainda um abismo separando Hugo Sánchez de Javier Hernández. Atualmente com 52 anos, Sánchez encerrou sua carreira em 1998 com 423 gols marcados, sendo 324 por clubes e 29 pela seleção mexicana. Foi ídolo nos rivais Atlético e Real Madrid. Disputou três Copas do Mundo. Hernández tem um total de 57 gols na carreira ( 47 por clubes e 10 pela seleção), não é titular absoluto na Europa (disputa posição com Berbatov) e jogou sua primeira Copa do Mundo no ano passado.

Javier Chacarito Hernández está longe de Hugo, mas já é um ídolo em seu país. Suas recentes atuações prospectam um futuro brilhante. É o primeiro jogador mexicano a atuar no Manchester United e, pelo visto, não será lembrado somente por isso.


terça-feira, 12 de abril de 2011

#57 - Kléber na seleção brasileira: pelo futebol tem chance, pela cabeça...

Kléber vive sua melhor fase no Palmeiras. Desde que retornou, vem sendo o protagonista da equipe e, atualmente, desandou a fazer gols. Após a chegada de Felipão, recebeu a braçadeira de capitão e é mantido no posto mesmo quando o ídolo Marcos está em campo. A regularidade nas atuações, somadas à recente fase de artilheiro, já faz com que a imprensa o especule na seleção brasileira.

Disciplinarmente, Kléber sempre foi conhecido pelo temperamento intempestivo e marcado por sucessivas expulsões. Seu modo de atuar já causou sérios problemas para o Cruzeiro e ao próprio Palmeiras. Acredito ser esse um fator importante para não ter sido convocado ainda. Ele diz ter mudado, que está mais calmo, mas, por mais que não tenha recebido nenhum cartão vermelho nessa temporada, precisa provar bastante – são 6 cartões amarelos recebidos, por exemplo. Se não mudar, pode esquecer qualquer chance com Mano Menezes.

Do ponto de vista técnico, Kléber tem vaga. Talvez tivesse de mudar o posicionamento, já que a posição de segundo atacante na seleção, como mais gosta de atuar, pertence a Neymar. Seria o jogador da referência, o camisa 9 que ainda não está definido no time de Mano Menezes. E se mantiver a fase de artilheiro terá seu passaporte carimbado mais facilmente.

Até porque Kléber não é uma atacante de muitos gols. Para se ter uma idéia, o atacante iniciou o ano de 2011 com exatos 100 gols na carreira. Rogério Ceni, goleiro do rival São Paulo, iniciou a temporada com 95, mesmo estando constantemente mais longe do gol adversário do que Kléber.

Como diz Luciano Hulck, em um dos quadros de seu programa: “É agora ou nunca!”. Aos 28 anos, Kléber talvez não tenha outra chance tão evidente como agora. Basta manter a cabeça no lugar, pois futebol ele tem.

Twitter: @FabioNohbrega

quinta-feira, 7 de abril de 2011

#56 - O encontro do pragmatismo com a criatividade

O Santos confirmou Muricy na terça, ele assistiu o jogo de quarta e assume o time na quinta. Tudo como o esperado. Menos de um mês depois de sua saída do Fluminense, o tri-campeão assume a equipe da Vila Belmiro em meio a decisões em âmbito estadual e internacional - Campeonato Paulista e Libertadores da América, respectivamente. Deve ter gostado do que viu em campo ontem contra os chilenos do Colo-Colo. Deve adorar o que viu hoje, em seu primeiro treino, dada a qualidade da estrutura do Santos - fato que, segundo ele, foi o motivo principal para sua saída do Fluminense.

A pergunta que tenho me feito desde que Muricy deixou o Fluminense e começou a ser especulado como sucessor de Adilson Batista no Santos, é como será feita a montagem dessa equipe e como será a reação dos jogadores diante do pragmatismo e, em alguns momentos, a rigidez/limitações que Muricy impõe a suas equipes dentro de campo.

Em suas recentes equipes, principalmente em Internacional (2005) e São Paulo (2006,2007,2008), Muricy Ramalho montou fortes sistemas defensivos.  Hoje o Santos tem uma defesa limitada. Durval e Edu Dracena falham sim, é verdade, mas há também de se considerar o atual sistema de jogo santista, que é muito focado no ataque.  Muricy com certeza ajustará a defesa. No entanto, resta saber a que custo.

O Santos tem se destacado nos últimos dois anos pelo seu poder ofensivo. Talvez Muricy nunca tenha trabalhado com tanto potencial assim do meio para frente.  Todavia, paira no ar a dúvida em relação ao quanto o pragmatismo de Muricy afetará a criatividade e o futebol solto do Santos. Seu desafio será exatamente encontrar o equilíbrio.

Tempo. Muricy já chega com a missão de classificar a equipe para a segunda fase da Libertadores  e para disputar a fase final do Paulistão. Tem pouquíssimo tempo para dar sua cara ao time. É sabido que suas equipes não são afeiçoadas ao drible. No Santos tem Neymar. Nas equipes montadas por Muricy, todos sempre participam da marcação. Ganso não é dos mais combatentes. Grande desafio para um técnico gabaritado. Se não colocar três zagueiros na equipe já está de bom tamanho...

#55 - Ele avisou

Ele avisou que ia cobrar e o fez. Novamente, Muricy Ramalho reclamou da estrutura do Fluminense. Campo irregular e esburacado, jogadores tendo que se deslocar até um outro bairro para fazer treinamento físico… Situações que o tri-campeão Brasileiro não conviveu nas passagens por Internacional e São Paulo, respectivamente. E como isso estressa Muricy Ramalho…
A cobrança é mais do que justa. Chega a ser óbvio: se desejam que ele apresente resultados positivos, são necessárias ferramentas adequadas para isso. É assim em qualquer profissão. Nesse caso, os resultados positivos são as vitórias e as ferramentas são campos de treinamento minimamente em condições, academia dentro do CT, refeições idem… e por aí vai.
O mais difícil de entender é o porquê só Muricy Ramalho cobra isso. Muitas grandes equipes no país  não possuem uma infraestrutura adequada. Não vemos, porém, outros treinadores fazendo essa cobrança. Omissão? Em partes. Acredito que não caiu a ficha ainda para os treinadores de que é papel deles cobrarem a diretoria quanto a melhorias nas estruturas. Afinal, como cobrar dos jogadores que cruzem corretamente, se ele treina em um campo esburacado e desnivelado?
Enquanto os treinadores não se voltarem para os dirigentes e dizerem “Amigo, você tá cobrando mas o campo que eu treino é horrível, fazendo com que lesões apareçam…”, nada mudará. Muitos dirigentes não criaram a consciência de que é investindo em coisas básicas que se obtém bons resultados.
Muricy Ramalho não é  tricampeão por acaso. É um cara consciente de que para apresentar um bom resultado em campo, tudo depende das condições que se tem para trabalhar. Muricy é, junto de Luxemburgo, um técnico que trabalha com futebol. A diretoria, que se comprometeu em criar o CT (centro de treinamento), agora corre desesperada para atender ao pedido de seu técnico. O problema é que precisou-se botar a boca nos microfones da imprensa…

#54 - Sai Ronaldo, entra Neymar

Era para serem dois posts. Um sobre a sub-20, outro sobre o adeus de Ronaldo. No entanto, algo me chamou muito atenção e resolvi juntar tudo em um só texto. Fui obrigado a isso dada a proximidade dos fatos. Ocorre que, ao passo que perdemos um ídolo do futebol brasileiro como Ronaldo, ganhamos potenciais ótimos jogadores – sendo que um deles, Neymar, desponta como um novo “fenômeno” do futebol.
A Seleção brasileira sub-20 arrematou no último sábado o título de uma competição onde foi o tempo toda superior – exceção feita ao jogo contra a Argentina. Com futebol leve e bonito, o time comandado por Ney Franco garantiu a vaga às Olimpíadas de 2012, em Londres.
No domingo, porém, recebemos a triste notícia de que Ronaldo não jogaria mais futebol. Chateado pela exacerbada cobrança de parte da torcida, sem mais forças para lutar contra uma nova contusão (coxa esquerda), o fenômeno tomou a dura decisão de parar de jogar.
Nesse misto de alegria e tristeza, fica o alento de que somos disparados o maior produtor de talentos desse planeta – fato comprovado no sul-americano. Capazes de produzir, ao mesmo tempo, potenciais craques como Neymar, Lucas e Oscar e jogadores de bom potencial como Casemiro, Bruno Uvini, Fernando e etc.. Temos a nossa frente uma “geração de ouro”.
Devemos sim sempre reverenciar um jogador do quilate de Ronaldo. Todavia, não devemos nos entristecer a ponto de esquecer que um novo craque surgiu. Neymar é o maior artilheiro de um Sul-americano sub-20 na história e, mesmo com uma precoce carreira, já acumula grandes partidas. Se é marrento, abusado, irresponsável…isso não faz diferença. Fato é que o jogador Neymar é craque.
Dono de dribles  desconcertantes, arrancadas de tirar o fôlego  e com os recentes sinais de amadurecimento, Neymar tem tudo para suceder Ronaldo no posto de melhor jogador do futebol brasileiro. Bola ele tem, basta manter a cabeça no lugar.
Ronaldo é também craque, é gênio, incomparável…tudo quanto é adjetivo (positivo). O melhor atacante que vi jogar. Deixará saudades, mas bola pra frente e olho nessa garotada.

#53 - Beluzzo e a imprevisibilidade do futebol

Ao ser eleito presidente do Palmeiras, no dia 27 de janeiro de 2009, Luiz Gonzaga Beluzzo tinha grande prestígio dentro do clube e era apoiado por muita gente, inclusive da imprensa. Candidato da situação, ele derrotou o opositor Roberto Frizzo em uma eleição acirrada e assumiu o posto de Affonso Della Monica. Renomado economista, Beluzzo era a esperança de bons tempos no clube do Palestra Itália.
Mas, nesse biênio em que comandou o Palmeiras, o economista Beluzzo se deparou com uma realidade muito diferente daquela que aprendeu nos tempos de faculdade: futebol, diferentemente de economia, não é uma “ciência” nada exata. O ex-mandatário aparentemente fez tudo correto, investiu na Arena Palestra, trouxe Valdivia, Kléber e até Felipão. Não adiantou.
Dois mil e nove foi ano mais emblemático. Era o primeiro de Beluzzo à frente do clube e para surpresa de muitos o time brigava pelo título do Campeonato Brasileiro. À frente da equipe estava Vanderlei Luxemburgo, um dos melhores técnicos do país.
Nas rodadas iniciais, porém, após a conturbada saída de Keirisson, Luxa não agüentou e foi mandado embora. Após uma pequena novela, Muricy Ramalho foi contratado e o time rumou aos primeiros lugares. Ótimo investimento da diretoria que contratava o atual tri-campeão do torneio.
E tinha tudo para dar certo. Tinha. Mesmo com um experiente e talentoso técnico no banco e a permanência dos principais jogadores à época – Diego Souza, Cleiton Xavier e Pierre – o Palmeiras entregou o título para o Flamengo e, na última rodada, acabou fora dos classificados para a Libertadores do ano seguinte. Desastre total para o clube cuja administração havia investido um caminhão de dinheiro naquele ano.
Veio então 2010. Um ano ruim para o clube, ficando fora da segunda fase do estadual,  de uma campanha ruim na Copa do Brasil, desastrosa na Sul Americana e de um time irregular no Campeonato Brasileiro.  Sem dinheiro e sem apoio da Traffic (parceira do clube que investira tudo no ano anterior), Beluzzo voltou-se para os “Eternos Palestrinos”, um grupo de bem-sucedidos torcedores que ajudaram nas contratações de Kléber e Valdívia. Mas foi pouco. Os dois mais recentes ídolos alviverdes não contaram com parceiros de qualidade e o Palmeiras foi um time fraco. Financeiramente o clube penou para manter os salários em dia, tendo, inclusive, que conviver com atritos entre diretoria e jogadores.
No último mês de janeiro, Beluzzo deixou o cargo desprestigiado, criticado e ainda viu um candidato da oposição assumir seu antigo posto – Arnaldo Tirone. Em entrevista, disse que “se pudesse voltar no tempo, jamais aceitaria” o cargo de presidente. Palavras de uma pessoa magoada.
Para mim, Beluzzo pecou em não ser mais rígido com a Traffic. Deveria – e assim se espera do novo mandatário – exigir, com o perdão da redundância, mais parceria da parceira. Faltou voz ativa nos momentos de atrito entre membros da diretoria e jogadores. Esse é um dos papéis essenciais de um presidente, apaziguar quando necessário. E faltou sorte também, porque não. Afinal, quem advinharia que Vágner Love viria da Europa sem jogar absolutamente nada? Que um título 99% provável escaparia nas rodadas finais devido a uma categórica pipocada dos principais jogadores?
Luiz Gonzaga Beluzzo sentiu na pela o quanto o futebol – diferente das ciências exatas das quais é perito – é imprevisível.

#52 - Ele chegou

De antemão aviso que não vou me ater à famigerada pergunta: “Qual Ronaldinho chega ao Flamengo?” Isso porque já sabemos quem é e como está o dentuço: esporádico, longe da forma ideal, mas, ainda assim, um jogador diferente.
A longa novela que se tornou a negociação acabou melhor para o Flamengo. Grêmio e Palmeiras, para mim, foram amadores. O primeiro por acreditar em um “fajuto” amor de Ronaldinho pelo clube que o formou. Triste engano. E o Palmeiras pelo fato de ter recebido o “ok” e não assinado nada, acreditando na palavra de um empresário que de hora em hora mudava o discurso. Sem falar que, havendo um atraso no acerto de três dias, o Gaúcho estaria agora treinando ao lado de seu chará apelidado de Fenômeno…
Independente do clube, a chegada de Ronaldinho ao futebol brasileiro é sensacional. Por tudo o que fez – e se reduzisse as idas aos pagodes teria feito mais – Ronaldo dá mais charme a esse campeonato cada vez mais vistoso que é o Brasileirão. Sua presença atrai mais torcedores, patrocinadores, dá aquele ânimo de ver uma partida de futebol. Enfim, sua presença atrai o mundo.
Que não se espere AQUELE Ronaldinho melhor do mundo quando atuava pelo Barcelona. Esse já se foi há tempos. “Contentem-se” com um jogador de toque refinado, dribles desconcertantes, malabarismo e afins… o que por essas bandas já é muito.
Ele chegou e tomara que mostre dentro do campo o suficiente para justificar esse verdadeiro leilão e toda essa movimentação de imprensa e torcedores.

#51 - Corinthians acertou em não vender Defederico

Buscando ressarcir a ausência de textos, começo o ano tratando de alguns assuntos que achei interessante. O primeiro é sobre Defederico:
Já escrevi aqui no blog sobre Defederico e citei no post (http://wp.me/pSiha-Sem questão o fato dele não ter produzido nem metade do que o Corinthians esperava quando pagou R$ 6 milhões para o modesto Huracán-ARG.
No entanto, ao longo desse ano e meio, deu mostras de que tem potencial. E o motivo desse suposto potencial não ter aflorado não se sabe. Talvez a cidade, treinadores ou sorte mesmo. O futebol está cheio de situações semelhantes onde atletas destacam-se por times de menor expressão, mas ao chegarem a um clube de massa (talvez mais um fator) não vingam. Só para citar alguns exemplos: Vitor, ex-Goiás, atualmente na reserva do Palmeiras; Maicosuel (Ex-Cruzeiro e Palmeiras), titular incontestável no Botafogo; Acosta, ídolo no Náutico fracasso no Corinthians e por aí vai….
Durante o final do ano passado especulou-se sobre uma possível venda do argentino. Vejo como um grande acerto o Corinthians não tê-lo vendido, pois acredito que Defederico tem algo a oferecer ainda e só precisa de tempo para aprender a lhe dar com a pressão. Não desaprendeu a jogar bola.
O empréstimo para o Independiente foi, de fato, a melhor alternativa. O baixinho se diz apaixonado pelo clube e estará na condição de principal jogador (todos os dias, desde sua chegada, o Olé noticia algo sobre ele), o que pode lhe trazer a confiança de volta. Disputar a Libertadores da América também será outro fator que só irá agregar.
O aparente passo a trás que Corinthians e Defederico dão agora, muito provavelmente, trará frutos posteriormente. Defederico pode voltar diferente, jogando com mais tranqüilidade (algo que visivelmente nunca fez) para , quem sabe, deslanchar. Há a possibilidade ainda da diretoria, diante de um bom desempenho no Independiente, optar em vendê-lo, recuperando assim um investimento outrora errado.
Trata-se de um jogador jovem e que pode render muito mais. Com paciência, tem potencial para ser um bom jogador.

#50 - Os números de 2010

O resumo do ano desse blog!:
Os duendes das estatísticas do WordPress.com analisaram o desempenho deste blog em 2010 e apresentam-lhe aqui um resumo de alto nível da saúde do seu blog:
Healthy blog!
Blog-Health-o-Meter™ indica: Este blog está em brasa!.

Números apetitosos

Imagem de destaque
Um Boeing 747-400 transporta 416 passageiros. Este blog foi visitado cerca de 1,400 vezes em 2010. Ou seja, cerca de 3 747s cheios.

Em 2010, escreveu 49 novos artigos, nada mau para o primeiro ano! Fezupload de 10 imagens, ocupando um total de 6mb. Isso equivale a cerca de uma imagem por mês.
The busiest day of the year was 26 de setembro with 61 views. The most popular post that day was #40 – Em palestra na Uninove, assessor do Santos dá uma nova versão sobre demissão de Dorival.

De onde vieram?

Os sites que mais tráfego lhe enviaram em 2010 foram twitter.commail.yahoo.com,maisqueabola.blogspot.comorkut.com.br e alphainventions.com
Alguns visitantes vieram dos motores de busca, sobretudo por paulo henrique gansorobinhopaulo henrique ganso e neymarganso e neymar e projeto do estadio do corinthians

Atracções em 2010

Estes são os artigos e páginas mais visitados em 2010.
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#33 – Agora vai Robinho? setembro, 2010
2 comentários
5
#32 – A famosa Rua Javari agosto, 2010
2 comentários

#49 - Assombrou

Dia 03/06, aqui nesse mesmo blog, escrevi um post denominado Assombração (http://dezminutosoudoisgols.wordpress.com/2010/06/03/17-assombracao) , onde relatava minhas impressões com o inicio de campeonato do Fluminense. O título do post fazia referência direta a Muricy Ramalho, que já ajeitava as coisas nas Laranjeiras e dava mostras de que a equipe por ele comandada daria trabalho aos demais adversários.
Não deu outra. O Brasil tem que se render, pela quarta vez, ao melhor técnico do país. Com maestria, Muricy Ramalho regeu um time mesclado de estrelas e coadjuvantes. Soube controlar Fred, fez de Conca o principal jogador do país e aquietou Washington.
O Fluminense é merecidamente campeão brasileiro de 2010. Naquele post de 03 de junho, escrevi que seria essencial manter os jogadores na janela e encorpar o elenco. E assim foi feito. Alan foi o único vendido e chegaram Belleti e Deco. Esse último, aliás, que mesmo sem jogar tudo o que sabe, com as seguidas contusões, não fez tanta falta ao Flu.
Inquieto como sempre, certamente Muricy Ramalho já planeja o ano de 2011, quando seu time entrará como um dos favoritos ao título na Libertadores. Os reforços devem ser pontuais. A Unimed já gastou muito com Fred, Deco e Emerson…. injetará mais dinheiro?
O “Rei dos Pontos Corridos” tem como desafio conquistar a Libertadores da América. E se conseguir dirá: “Isso aqui é trabalho, meu filho!”

#48 - Miopia

O mês de novembro de 2010 do Palmeiras foi idêntico ao mesmo período de 2009. Ano passado, a essa altura, o Palmeiras acabara de perder por 2 a 0 para o Grêmio e dava adeus ao título do Brasileirão –jogo da tosca briga entre Obina e Maurício. Assim como o atual, novembro de 2009 foi o mês onde criou-se mais expectativa sobre a equipe e o de maior frustração para o palmeirense.
O palmeirense está triste, chateado, decepcionado.. A derrota para o rebaixado Goiás, em pleno Pacaembú, não é compatível com um clube da estatura do Palmeiras.  O atual time também não. A gestão idem. Parte da torcida não merece seguidos vexames.
O problema está na cara, mas a diretoria insiste em fingir que não está vendo: o Palmeiras tem um time fraco. Vive na dependência de Kléber ou Marcos Assunção, que visivelmente não agüenta 90 minutos. Torce por um gol fortuito de falta para que possa jogar o restante do jogo atrás da linha da bola.
O torcedor vê em seu técnico uma pessoa desequilibrada, que demonstra através de seus berros e ignorância contra a imprensa o desespero decorrente do jejum de títulos. Não é esse Felipão que o brasileiro passou a admirar; não é esse o patrono da família Scolari campeã do mundo em 2002. O Felipão de hoje, talvez por todo o sucesso após o título mundial, aparenta prepotência, exala soberba e acaba esquecendo-se de arrumar a “casinha” alviverde.
O futuro do Palmeiras é cada vez mais incerto. Os prognósticos para 2011 não são nada bons. Não se fala de contratações e nem há expectativa quanto aos jogadores da base. A parceira não tem nada de parceira. E situação e oposição não se entendem.
Vejo discursos de integrantes do PSDB, partido derrotado nas eleições de outubro, dizendo que o partido tem de passar por uma “refundação”. Esse discurso cabe ao Palmeiras também. A gestão precisa ser refundada. O presidente Beluzzo apostou as fichas nos “Eternos Palestrinos” e em nada resolveu. Seu opositor, Salvador Hugo Palaia, já deu mostras de que também não mudaria muito a situação.
A gestão palmeirense precisa de caras novas. O clube não pode ser tão dependente da Traffic, que só ajuda nas contratações de apostas – leia-se jogadores sub-23.
Será que ninguém enxerga?

#47 - Dois pesos e duas medidas...pode, Arnaldo?

Arnaldo David Cezar Coelho, ex-árbitro de futebol e atual comentarista da Rede Globo, disse, na última quarta-feira durante a partida entre Cruzeiro e São Paulo, algo que pode ter passado desapercebido por muitos, mas que diz bastante sobre a arbitragem no Brasil e no mundo.
Na ocasião, Richarlyson, lateral do São Paulo, concedia uma entrevista e comentava sobre um lance no final do primeiro tempo onde Gilberto, meio campo do Cruzeiro, dera uma entrada violenta em seu companheiro de posição Lucas. Richarlyson disse: “Na jogada entre o Gilberto e o Lucas, se fosse comigo ou o Kléber (Palmeiras), estávamos expulsos.” Gilberto foi advertido com o cartão amarelo pelo árbitro Nielson Nogueira Dias, gerando grande reclamação por parte dos são paulinos.
Indagado por seu companheiro de cabine Cléber Machado se no lugar do cruzeirense estivessem Richarlyson ou o atacante palmeirense o juiz usaria o mesmo critério, Arnaldo afirmou: “Não. Seriam expulsos. O histórico pesa e Gilberto nunca foi um cara violento”.
Arnaldo Cézar Coelho é um árbitro que goza de grande prestígio entre os novos e antigos trabalhadores do apito. Portanto, sua afirmação deve causar calafrios naqueles que comandam a arbitragem brasileira. Trata-se da mais pura verdade. Infelizmente, por mais que haja aqueles que neguem, um árbitro ao entrar em campo leva em consideração o histórico dos jogadores  na tomada de suas decisões no decorrer de uma partida.
Devido a isso que sou a favor de árbitros extrangeiros apitando duelo de clubes do mesmo país em competições internacionais. Se não acaba, pelo menos diminui-se a possibilidade do jogo ser comprometido. Um árbitro extrangeiro, desde que gabaritado, é a melhor alternativa pelo fato de não conhecer a maioria dos jogadores e seus históricos. Com isso, o critério estabelecido (pois cada árbitro tem o seu) será aplicado para todos.
Quanto aos árbitros daqui, se destacará aquele que conseguir ser o mais neutro possível e, antes de penalizar um jogador, ignorar o ele já fez ou deixou de fazer. Não se pode deixar de apitar uma falta, de aplicar um cartão pelo fato do atleta ser marcado por simular ou por chegar forte namarcação.
Sei que pode parecer utopia, mas o calvário da arbitragem é  atingir a neutralidade. A grande maioria explicitam em suas decisões os tais dois pesos e duas medidas do título.
Experiente, árbitro que apitou final de Copa do Mundo, Arnaldo não foi hipócrita. E também chega a ser infantil quem pensa o contrário.

#46 - Forte não é, mas a tabela pode ajudar

Um goleiro que desperta desconfiança de alguns, mas que está na seleção brasileira. Na zaga, jogadores não tão técnicos, mas seguros. Fábio Ferreira, outrora marcado pelo rebaixamento com o Corinthians e contundido, faz falta. O lateral direito é o bom Alessandro, que volta e meia é vaiado pela torcida. Na esquerda, o veloz Marcelo Cordeiro, relegado do Internacional e que chegou sob muita desconfiança, vai dando conta do recado. Joel, as vezes, opta por Somália, um jogador mediano, mas de muita raça.
Torcida Botafoguense no treino da equipe  Foto: Lancenet!
Torcida Botafoguense no treino da equipe Foto: Lancenet!
No meio campo tem Leandro Guerreiro, Marcelo Mattos, Fahel, Lucio Flavio e, mais recentemente, Edno. O primeiro tem no sobrenome o resumo de sua postura em campo. Mattos não servia ao Corinthians e chegou ao Rio de Janeiro para ser um complemento do elenco – e é.  Fahel é mediano. Lucio Flavio alterna muito e, assim como Alessandro, vive sendo criticado. E, enfim, Edno é outro que foi dispensado do Corinthians.
O ataque é onde está o trunfo alvinegro: Loco Abreu. Mais do que um atacante, o uruguaio é um símbolo em General Severiano de garra, vontade e doação. A mística que envolve Abreu é assunto para outro post, mas o fato é que ele conseguiu cativar em pouquíssimo tempo os botafoguenses. Revezam no ataque, ainda, Caio e o problemático Jobson.
Esse é o Botafogo. Um time bom, que sem Maicosuel tornou-se mais fraco e previsível e que, na minha opinião, não tem forças para ser campeão. Vejo um time bem arrumado por Joel Santana, mas sem uma pitada especial que Conca, Montillo e Bruno César propiciam a seus respectivos clubes – times esses que, para mim, disputam o título. Sem Maicosuel, não tem quem faça a diferença, quem deixe Abreu na cara do gol…
Porém, o futebol não é composto somente por exatidão. Há também o fator sorte. E, devendo-se a ela ou não, a sequencia de jogos do Botafogo é extremamente favorável, o que pode alçá-lo a campeão em dezembro. Nos seis jogos restantes, o time de General Severiano só enfrenta duas equipes acima de 10ª posição atualmente: Grêmio e Internacional. No mais, só equipes que não pretendem muita coisa no campeonato, ou que passaram o torneio lutando lá em baixo: Atletico-GO, Ceará, Prudente e Avaí.
Enfrentando times teoricamente mais fracos, a equipe limitada do Botafogo pode pintar como campeã, uma vez que seus rivais mais bem colocados têm confrontos diretos e/ou clássicos pela frente. Cabe a Joel Santana manter a serenidade e a organização que sua equipe mostrou até o momento.

#45 - O futebol não precisa ser imediatista

Ao longo desses 7 meses de blog, procurei escrever da melhor maneira possível e sempre busquei (e o continuarei fazendo) dar a minha visão de uma maneira diferenciada, fazer diferente. Há incontáveis blogs hoje na internet falando de futebol, o que não é de assustar diante da paixão do brasileiro pelo esporte. Sou um fanático também, mas como pode-se ler na descrição no lado direito superior da página, a idéia ao criar esse espaço é praticar, pois como ali também cito, sou aluno de jornalismo.
Como muitos, resolvi entrar no curso de jornalismo vislumbrando atuar no ramo esportivo. Procuro, dentro do possível, ler diversos sites de futebol; seja ele nacional ou internacional. Antes de escrever um texto, costumo ler opiniões divergentes, outros pontos de vista.
Nos 44 textos que escrevi até agora sempre critiquei dirigentes, mandatários em geral, pelo imediatismo com que tratam o futebol. A maioria com relação às sucessivas demissões de treinadores. Critiquei aqueles que insistem em vender uma idéia de planejamento, estrutura, postura, austeridade perante o torcedor, mas que, no final das contas, acaba indo no embalo do apelo popular e jogam por água abaixo todo o “planejamento” do início da temporada. Há clubes que infelizmente têm em seu comando torcedores de gravata.
Pelo fato da opção da profissão, de manter um blog atualizado e gostar de futebol, ao ler os diversos sites, como citei no segundo parágrafo, acabo me deparando com algumas infelicidades dos jornalistas. E, para ser justo, tenho que direcionar a crítica contra o imediatismo também a alguns.
É notável que há sites e jornais esportivos que insistem em também ser imediatistas. Vivem da criação de ídolos, ajudando a derrubar técnicos e, como no caso que inspirou esse post, a exaltar os personagens do futebol desnecessariamente e inoportunamente.
Fui obrigado a ler na edição de ontem do jornal Lance o título de um artigo, de autoria de Alessandro Abate, da seguinte maneira: “Tite vai brilhar como Carpegiani?”. Título esse que deixa explícito a mania de se criar conclusões precipitadamente. Carpegiani está no São Paulo a menos de um mês e não teve tempo para “brilhar”. Está no início de um trabalho, que já rendeu alguns bons jogos é verdade, e está sujeito a diversas situações. Me pergunto se o São Paulo perder os próximos 8 jogos, o que escreveria o colunista do Lance. Continuaria sendo “correta” a “aposta” de Juvenal Juvêncio, como ele cita no texto? Dagoberto estaria ainda recuperado? Sinceramente, acho que não.
O futebol não precisa ser imediatista. Textos como o de Alessandro ajudam a difundir a noção aos torcedores de que tudo se resolve de uma hora para a outra, que o futebol se resume a uma seqüencia de partidas. O futebol tem de ser visto de um modo mais amplo. Os dirigentes que sabatinei nesse blog são outros que adotam a mesma diretriz e saem demitindo, trocando de treinadores a torto e à direita. Talvez não se possa exigir dos torcedores esse controle, mas os dirigentes têm de ter essa consciência, juntamente com parte da imprensa.
Craques falidos que surgem seguidamente, técnicos transformados em heróis. A imprensa tem sua parcela de culpa nisso tudo. A ânsia em se criar notícia, ou a falta de, implica nesse imediatismo desnecessário e que está impregnado no futebol. O jornalista esportivo pode mudar isso. E essa mudança traria mais qualidade ao segmento.

#44 - Corinthians oscila na hora errada...se é que tem hora boa

O Corinthians era líder do Brasileirão até a parada para a Copa do Mundo.  Liderou até a nona rodada, caiu para segundo colocado na 10ª, foi líder ao final da 11ª e, da 12ª até a 22ª, esteve na segunda colocação. Voltou ainda por mais duas rodadas ao topo e nas últimas cinco rodadas, após sucessivos jogos sem vitória, caiu para sua pior posição no campeonato: 3º lugar.
Foi o primeiro momento de turbulência no Campeonato Brasileiro. O segundo no ano, considerando-se a eliminação na Libertadores da América, que alguns dizem ter causado menos impacto no Parque São Jorge. Eu discordo, mas creio que a pressão dessa vez seja maior pelo fato de se tratar do último torneio no ano do tão aguardado centenário.
Assim como todos no campeonato de pontos corridos, o Corinthians passa por um momento de oscilação. Mano Menezes, em entrevista coletiva que precedeu o jogo contra o Botafogo no primeiro turno, último antes da parada para a Copa do Mundo, já dizia que, assim como os concorrentes, seu time sofreria oscilações.
Essa é atual fase do Corinthians: oscilação. O problema é que a insegurança e os maus resultados estão vindo no momento decisivo do campeonato. Perder fôlego na reta final de uma competição é muito mais frustrante.
Basta fazermos uma comparação com o Grêmio, por exemplo. O time gaúcho passou por maus bocados no primeiro turno e chegou a estar na zona de rebaixamento. Agora, sob o comando de Renato Gaúcho, o time lidera o segundo turno e, caso volte o G4, briga por uma vaga na Libertadores.  O Corinthians passa por uma fase semelhante, só que na ordem inversa.
O Corinthians tem todas as possibilidades de se reerguer e ainda ser campeão. Demitir Adilson Batista, nesse momento, não traz nenhum benefício, muito pelo contrário, mas tem de ser esquecido e o time tem que se concentrar na reta final. Ronaldo está de volta ao time, o suficiente para reanimar os torcedores e os clássicos com Palmeiras e São Paulo, respectivamente, e o confronto direto contra o Cruzeiro serão decisivos para o futuro alvinegro no campeonato.

#43 - O esporádico pelo constante

Trocar o quinto colocado na tabela pelo nono pode não parecer um bom negócio. Mas, para Paulo Cesar Carpegiani foi. Com todo respeito ao Atlético-PR e à sua torcida, Carpegiani volta agora a trabalhar em um grande centro. Após caminhar nos últimos anos por clubes de médio porte, o técnico agora tem oportunidade de voltar a figurar no cenário dos grandes treinadores do país.
A troca do Atlético para o São Paulo vai além da questão financeira. Além do status, pesou para a decisão de Carpegiani o histórico do time paulistano. Trocou um clube esporádico por um mais constante. Chegou ao São Paulo, que está sempre brigando por títulos, e saiu do Atlético, que esporadicamente encaixa uma boa campanha como nesse ano. Decisão acertada.
Discorda? Vamos aos irrefutáveis números: o São Paulo é hexacampeão brasileiro, sendo três desses títulos conquistados em menos de uma década. O Atlético tem um título brasileiro, conquistado em 2001. O tricolor é tricampeão da Libertadores e Mundial. O Atlético, além de ter bem menos participações na Libertadores (3 contra 15 tricolores), ostenta como melhor resultado um vice-campeonato, perdido justamente para o São Paulo. De 2003 para cá, em todas as Libertadotes o Sampa estava lá, ao passo que o time paraense escapava por pouco do rebaixamento nos Brasileirões.
Eu faria o mesmo na posição de Carpegiani. Os clubes, na primeira oportunidade que têm, demitem treinadores a atacado, não prestigiam em nada um trabalho e ainda insistem em vender uma falsa idéia de projetos. Quasa na maioria absoluta, não há projetos nesse país. Certo está ele de pular fora desse barco que de repente, em uma sequencia de derrotas nada improvável nesse Campeonato Brasileiro, poderia afundar e culminar em sua demissão.
Se fará bem ao São Paulo só o tempo dirá. Carpegiani tem muito trabalho pela frente e já começou com o pé direito ao extinguir do Morumbi o sonho de Libertadores no próximo ano. O São Paulo disputa a Sul-Americana.E só.

#42 - E agora?

A pessoa mais querida da torcida flamenguista está fora. Considerado um possível apaziguador das constantes faíscas que situação e oposição distribuem dentro da Gávea, Zico não aguentou tamanha disputa política e recorreu à demissão. Pior para Patrícia Amorim, que viu sua maior aposta nessa gestão ir por água abaixo e teve seu fraco trabalho ainda mais exposto. Ruim para a torcida flamenguista que viu seu maior ídolo dentro de campo abandonar um barco que a cada rodada se parece mais com o Titanic. Péssimo para a instituição Flamengo que perdeu um dos poucos de boa índole que restavam lá dentro.
Depois de quinta-feira, data da demissão de Zico, li muito sobre o assunto. Diversas, inúmeras, incontáveis opiniões a respeito do ocorrido. Alguns que não concordavam com o modo como Zico se demitiu. Concordo. Outros citando a pouca (ou a falta de) interferência da presidente Patricia em relação aos opositores. Fato. A grande maioria tentando calcular o prejuízo da ausência de Zico no Flamengo. Enorme.
Tentarei expor um outro viés. Ao passo que lia as notícias e blogs opinativos, fiquei imaginando o que estava passando na cabeça de um torcedor do Flamengo. O rebaixamento batendo à porta, um técnico atrapalhado que não desperta confiança e no meio de toda essa zona, o cara que servia de alento para que a nação rubro negra vislumbrasse bons tempos à frente, pedindo demissão… Não é fácil. Impotência, tristeza e, porque não, medo, são talvez os sentimentos que definam um flamenguista nesse momento.
E agora? Essa pergunta muitos devem ter feito. Se Zico está fora porque não aguentou a pressão dos mal-feitores que fazem o que bem entendem dentro da Gávea, o que será do clube? Como teremos um bom time daqui para a frente e disputaremos títulos se a maior aposta da mandatária não está mais lá?
Diferentemente do que o nojento capitão Léo tenta colocar na cabeça dos flamenguistas, Zico saiu porque é de boa índole e fala a verdade. Ou melhor, expõe as verdades. Recentemente, a PLACAR publicou uma entrevista com o galinho onde demonstra total transparência e segurança para assumir seus erros. As perguntas, extraídas da revista, evidenciam isso:
  • Ouve-se muito sobre gente de oposição e de situação atrapalhando. Você sente alguma resistência aqui dentro?
Sinto. Mas eu tomo as atitudes em prol do Flamengo. Se vai afetar ou não alguém não preocupo com isso. Tenho duas pessoas acima de mim para consultar, o vice-presidente [Vinícius França] e a Patrícia. O vice é meu amigo de muitos anos, temos facilidade de dialogar. E qualquer coisa eu vou direto na Patrícia e pergunto: “Olha, tem essa possibilidade, pode?” Se pode, ótimo. Se não pode, não pode. Paciência
  • As críticas às contratações do Val Baiano e do Cristian Borja são fortes. Você conversou com o Rogério sobre eles?
Antes de qualquer coisa, o responsável sou eu. Conversei diretamente com os dois e acertei. Mas lógico que converso com o treinador, isso é normal, tomo informações. Fiquei afastado do Brasil por muito tempo, não conheço bem os jogadores e todos precisam me dar um pouco mais de subsídio. Digo: “Esse aqui, posso trazer?”. “Pode”. E trago. O Adriano foi artilheiro com 19 gols no Flamengo [pelo Brasileiro], o Val fez 18 no Grêmio Barueri [hoje Grêmio Prudente]. De uma hora para outra o cara desaprende a fazer gol?
Diante das respostas acima fica claro que Zico saiu no momento em que não se sentiu respaldado pelos companheiros Vinicius França e Patricia Amorim que eram suas pessoas de confiança. Todas as maldades contra Zico e sua família devem-se  ao fato dele admitir a resistência e “não se preocupar se irá afetar alguém”. A partir do momento que o cartola viu que as coisas rumavam para um outro lado, ele saiu.
E agora flamenguista? O que será da maior torcida do país com seu clube entregue a ordinários e aproveitadores? Essa eu passo….

#41 - Momento de transição

A campioníssima seleção brasileira de vôlei masculino passa claramente por um momento de transição. Digo isso porque, diferentemente das seleções anteriores, o combinado atual demonstra constantes instabilidades e ainda não desperta total confiança nos torcedores. Estamos mal acostumados, é verdade, mas perdemos sets (e jogos) atualmente que não perderíamos em épocas nem tão distantes.
Não considere o  parágrafo acima uma cobrança ou uma demonstração de insatisfação. Longe disso. A seleção masculina é nove vezes campeã da Liga Mundial – sendo a última conquistada há dois meses – e tem um crédito absurdo. Ocorre que a nova geração de jogadores está em fase de afirmação, tendo a instabilidade como ingrata companheira nessa jornada. O recente histórico de plantel permite a possibilidade de se dizer que a atual seleção não está no nível “Brasil” de jogar vôlei.
O comandante Bernardinho sabe e, com certeza, está inquieto lá na Itália, pensando em novas alternativas para que o Brasil não seja dominado nos próximos confrontos. Líder nato, Bernardinho demonstrou acertadamente muita tranqüilidade ao ser entrevistado após a derrota para Cuba. Porém, por trás das câmeras, ele estará com certeza analisando vídeos e mais vídeos de Cuba, bem como dos próximos adversários.
Recentemente li o livro “Transformando suor em Ouro”, a autobiografia de Bernardinho. Livro sensacional e leitura mais do que recomendada. Recorro a uma frase inserida nele, de autoria de Bob Knight, a qual traduz o “modo Bernardo” de trabalhar: “A vontade de se preparar precisa ser maior que a vontade de vencer”.  Ou seja, a tranquilidade da entrevista e as broncas nela não expostas, serão traduzidas em muita preparação. Polônia e Bulgária são os próximos adversários? Coitados. O Brasil perdeu para Cuba em um jogo disputadíssimo e estou certo de que entrarão mordidos em quadra nos próximos confrontos.
Quanto ao grupo, reitero que não acho que esteja no nível daqueles outros que nos acostumamos a ver. Está um pouco abaixo – o que representa muito acima de muitas outras. Giba não é mais tão decisivo quanto antes e Serginho, craque e também um líder, está fora do Mundial. O papel deles, de agora em diante, será outro. Serão os reservas que , de tão bons, forçam os donos das posições a sempre dar o melhor em cada treinamento. O próprio Bernardinho no livro cita que “não se é campeão com os melhores de cada posição e sim com um grupo dos jogadores certos”.
O desafio de Bernardo e sua comissão técnica passa pelo fato de implantar um espírito de vencedor com a frieza das horas decisivas e a vibração para virar jogos inimagináveis que caracterizaram nossa seleção nos últimos anos. Uma baba. Seu histórico demonstra que sempre fez as equipes que treinou campeãs. Não esqueçamos, porém, que estamos diante de uma equipe em formação…