quinta-feira, 7 de abril de 2011

#42 - E agora?

A pessoa mais querida da torcida flamenguista está fora. Considerado um possível apaziguador das constantes faíscas que situação e oposição distribuem dentro da Gávea, Zico não aguentou tamanha disputa política e recorreu à demissão. Pior para Patrícia Amorim, que viu sua maior aposta nessa gestão ir por água abaixo e teve seu fraco trabalho ainda mais exposto. Ruim para a torcida flamenguista que viu seu maior ídolo dentro de campo abandonar um barco que a cada rodada se parece mais com o Titanic. Péssimo para a instituição Flamengo que perdeu um dos poucos de boa índole que restavam lá dentro.
Depois de quinta-feira, data da demissão de Zico, li muito sobre o assunto. Diversas, inúmeras, incontáveis opiniões a respeito do ocorrido. Alguns que não concordavam com o modo como Zico se demitiu. Concordo. Outros citando a pouca (ou a falta de) interferência da presidente Patricia em relação aos opositores. Fato. A grande maioria tentando calcular o prejuízo da ausência de Zico no Flamengo. Enorme.
Tentarei expor um outro viés. Ao passo que lia as notícias e blogs opinativos, fiquei imaginando o que estava passando na cabeça de um torcedor do Flamengo. O rebaixamento batendo à porta, um técnico atrapalhado que não desperta confiança e no meio de toda essa zona, o cara que servia de alento para que a nação rubro negra vislumbrasse bons tempos à frente, pedindo demissão… Não é fácil. Impotência, tristeza e, porque não, medo, são talvez os sentimentos que definam um flamenguista nesse momento.
E agora? Essa pergunta muitos devem ter feito. Se Zico está fora porque não aguentou a pressão dos mal-feitores que fazem o que bem entendem dentro da Gávea, o que será do clube? Como teremos um bom time daqui para a frente e disputaremos títulos se a maior aposta da mandatária não está mais lá?
Diferentemente do que o nojento capitão Léo tenta colocar na cabeça dos flamenguistas, Zico saiu porque é de boa índole e fala a verdade. Ou melhor, expõe as verdades. Recentemente, a PLACAR publicou uma entrevista com o galinho onde demonstra total transparência e segurança para assumir seus erros. As perguntas, extraídas da revista, evidenciam isso:
  • Ouve-se muito sobre gente de oposição e de situação atrapalhando. Você sente alguma resistência aqui dentro?
Sinto. Mas eu tomo as atitudes em prol do Flamengo. Se vai afetar ou não alguém não preocupo com isso. Tenho duas pessoas acima de mim para consultar, o vice-presidente [Vinícius França] e a Patrícia. O vice é meu amigo de muitos anos, temos facilidade de dialogar. E qualquer coisa eu vou direto na Patrícia e pergunto: “Olha, tem essa possibilidade, pode?” Se pode, ótimo. Se não pode, não pode. Paciência
  • As críticas às contratações do Val Baiano e do Cristian Borja são fortes. Você conversou com o Rogério sobre eles?
Antes de qualquer coisa, o responsável sou eu. Conversei diretamente com os dois e acertei. Mas lógico que converso com o treinador, isso é normal, tomo informações. Fiquei afastado do Brasil por muito tempo, não conheço bem os jogadores e todos precisam me dar um pouco mais de subsídio. Digo: “Esse aqui, posso trazer?”. “Pode”. E trago. O Adriano foi artilheiro com 19 gols no Flamengo [pelo Brasileiro], o Val fez 18 no Grêmio Barueri [hoje Grêmio Prudente]. De uma hora para outra o cara desaprende a fazer gol?
Diante das respostas acima fica claro que Zico saiu no momento em que não se sentiu respaldado pelos companheiros Vinicius França e Patricia Amorim que eram suas pessoas de confiança. Todas as maldades contra Zico e sua família devem-se  ao fato dele admitir a resistência e “não se preocupar se irá afetar alguém”. A partir do momento que o cartola viu que as coisas rumavam para um outro lado, ele saiu.
E agora flamenguista? O que será da maior torcida do país com seu clube entregue a ordinários e aproveitadores? Essa eu passo….

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