quinta-feira, 7 de abril de 2011

#41 - Momento de transição

A campioníssima seleção brasileira de vôlei masculino passa claramente por um momento de transição. Digo isso porque, diferentemente das seleções anteriores, o combinado atual demonstra constantes instabilidades e ainda não desperta total confiança nos torcedores. Estamos mal acostumados, é verdade, mas perdemos sets (e jogos) atualmente que não perderíamos em épocas nem tão distantes.
Não considere o  parágrafo acima uma cobrança ou uma demonstração de insatisfação. Longe disso. A seleção masculina é nove vezes campeã da Liga Mundial – sendo a última conquistada há dois meses – e tem um crédito absurdo. Ocorre que a nova geração de jogadores está em fase de afirmação, tendo a instabilidade como ingrata companheira nessa jornada. O recente histórico de plantel permite a possibilidade de se dizer que a atual seleção não está no nível “Brasil” de jogar vôlei.
O comandante Bernardinho sabe e, com certeza, está inquieto lá na Itália, pensando em novas alternativas para que o Brasil não seja dominado nos próximos confrontos. Líder nato, Bernardinho demonstrou acertadamente muita tranqüilidade ao ser entrevistado após a derrota para Cuba. Porém, por trás das câmeras, ele estará com certeza analisando vídeos e mais vídeos de Cuba, bem como dos próximos adversários.
Recentemente li o livro “Transformando suor em Ouro”, a autobiografia de Bernardinho. Livro sensacional e leitura mais do que recomendada. Recorro a uma frase inserida nele, de autoria de Bob Knight, a qual traduz o “modo Bernardo” de trabalhar: “A vontade de se preparar precisa ser maior que a vontade de vencer”.  Ou seja, a tranquilidade da entrevista e as broncas nela não expostas, serão traduzidas em muita preparação. Polônia e Bulgária são os próximos adversários? Coitados. O Brasil perdeu para Cuba em um jogo disputadíssimo e estou certo de que entrarão mordidos em quadra nos próximos confrontos.
Quanto ao grupo, reitero que não acho que esteja no nível daqueles outros que nos acostumamos a ver. Está um pouco abaixo – o que representa muito acima de muitas outras. Giba não é mais tão decisivo quanto antes e Serginho, craque e também um líder, está fora do Mundial. O papel deles, de agora em diante, será outro. Serão os reservas que , de tão bons, forçam os donos das posições a sempre dar o melhor em cada treinamento. O próprio Bernardinho no livro cita que “não se é campeão com os melhores de cada posição e sim com um grupo dos jogadores certos”.
O desafio de Bernardo e sua comissão técnica passa pelo fato de implantar um espírito de vencedor com a frieza das horas decisivas e a vibração para virar jogos inimagináveis que caracterizaram nossa seleção nos últimos anos. Uma baba. Seu histórico demonstra que sempre fez as equipes que treinou campeãs. Não esqueçamos, porém, que estamos diante de uma equipe em formação…

Nenhum comentário:

Postar um comentário